Por: Projeto Draft
No auditório do Cubo Itaú, em São Paulo, que tem capacidade para receber 380 pessoas, não houve um lugar vago durante as quatro horas ininterruptas de apresentações do Innovation Unlocked. A tarde de 20 de junho foi marcada por uma rica troca de experiências entre a comunidade dos inovadores corporativos.
“O evento cumpriu seu papel de abrir espaço para o inovador, trazendo conteúdo de altíssimo nível, contando com olhares de diversos setores, analisando o fenômeno da inovação corporativa por diferentes enfoques”, comemora Maximiliano Carlomagno, sócio-fundador da Innoscience, idealizadora do evento.
Seguindo a programação, o Innovation Unlocked trouxe os painéis “Keynote: Inovação corporativa além do open innovation”, com Maximiliano Carlomagno; “CVC, CVB, Intraempreendedorismo: Alguém pode me ajudar a criar e escalar novos negócios?”, com Renato Maruichi, Gerente de inovação corporativa na Dexco, Frederico Logemann, Head de Inovação da SLC Agrícola, Álvaro Rodríguez, Gerente de Inovações e Desenvolvimento na Suzano, e Maria Bofill, Corporate e M&A Partner na TozziniFreire; “Startups que trabalham com Corporate: quem são e o que pensam?”, com Martin Luther Candido e Silva, Founder da BITi9, Regina Acutu, Founder da Verifact, e Andréa Migliori, Founder & CEO da Workhub Digital; “Startups corporativas: da ideação ao scale-up”, com Tiago Compagnoni e Daniel Orlean, Founders & Co-CEOs na Voltz.
Em seguida, a partir da provocação “Quero potencializar meu programa de startups: quais são as melhores práticas?”, a plateia pôde fazer perguntas e conduzir uma conversa honesta com Carolina Falcoski, Open Innovation & Portfolio Management na Nestlé, Fabio Mota, Vice-presidente da Raízen; André Porto, Head de Inovação na Wilson, Sons, Patricia Grabowski, Gerente de Inovação e Transformação Digital na Ocyan, com mediação de Luciana Hashiba, Vice-coordenadora do Centro de Inovação da FGV. Em seguida, Renato Biava Vera, Diretor de People e Estratégia na AmbevTech, falou sobre “Inovação de Cultura ou Cultura de Inovação?”.
Ao longo do evento, muito se discutiu sobre as barreiras da inovação e os passos para se chegar lá. Dentre as provocações mais expressivas, Renato Maruichi, da Dexco, deu a dica:
“A grande barreira da inovação é a cultura da aversão ao risco. E é preciso dar errado! Se eu não errar, não devo estar no caminho. No final, nós, inovadores, somos gestores de risco”.
A lição que fica é a de que é preciso que a empresa tenha um ambiente tolerante ao fracasso, que faz parte da jornada de aprendizado.
Outra pauta relevante das discussões foi a necessidade de se conquistar o apoio da alta gestão para a prática da inovação.
“É fundamental haver uma articulação interna na organização para que a inovação tenha aliados”, comentou Frederico Logemann, da SLC Agrícola.
E os participantes foram unânimes nesse aspecto de que o convencimento da liderança é primordial. Só a partir daí é que se abrem os caminhos e os processos, com interesses alinhados.
Nesse sentido, o diretor da AmbevTech, Renato Biava, deu um depoimento que atesta como a mudança precisa vir de dentro: “Saímos da posição antiga daquela empresa que sabe tudo, para um posicionamento de empresa que aprende tudo”. E, ao final do evento, comemorou a oportunidade de poder discutir inovação com os principais agentes desse ecossistema.
“Essa troca nos anima, principalmente pela oportunidade de poder mostrar como a nossa evolução cultural e tecnológica permitiu que a inovação se tornasse algo transversal para a Ambev, que passou a atuar de fato como uma plataforma. O resultado a gente vê em uma empresa que se torna cada dia mais inovadora, aumentando a diversidade não só de portfólio, mas também de novos negócios com crescimento exponencial, como BEES e o Zé Delivery.”
Fechando com chave de ouro, o CEO da Nestlé, Marcelo Melchior, contou como administra o desafio de explorar o novo e otimizar o existente em uma companhia que iniciou suas atividades no século XIX inovando. “Tudo começou quando o farmacêutico alemão Henri Nestlé criou um produto com propósito, a farinha láctea, para resolver a questão da subnutrição de bebês e a alta taxa de mortalidade infantil da época. Estava plantada ali uma semente”. Em seguida, Henri vendeu a empresa que depois se tornaria o Grupo Nestlé. Mais adiante nessa história, surge o leite condensado, uma versão que chega como solução para conservar o leite por mais tempo quando não havia geladeira. O passo seguinte foi a criação do leite em pó. Mas para que essa inovação não matasse o produto original, iniciou-se um trabalho de mudança de hábitos do consumidor. Assim, o produto de 100 anos ainda se mantém relevante.
O segredo para essa trajetória bem-sucedida, segundo Marcelo, está na inovação.
“Estamos construindo sobre uma montanha já erguida e muito bem estruturada deixada nas mãos de 30 mil pessoas que trabalham em prol dessa visão. Temos a base, mas permitimos que nossos colaboradores desenvolvam o novo. Nossos líderes estão sempre de olhos e ouvidos abertos para as ideias que surgem em todas as áreas da companhia. Meu maior desafio hoje é fazer a minha equipe brilhar”, finalizou o CEO.
O Innovation Unlocked terminou com um happy hour no rooftop, onde as conversas se prolongaram para além do palco, garantindo ainda a possibilidade de networking.
“Estou muito contente de ver o resultado dessa troca de conhecimento, experiências e conexões. O evento como um todo foi muito instrumental para as pessoas”, comemorou Maximiliano.
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